Era como se ela só observasse. Como se diante de todos os acontecimentos ela estivesse apenas como espectadora, observando tudo de fora. Cada segundo que se passa, mais ela se sente assim, por fora, faltando semelhanças no outro para fazer parte também desse mundo. Percebia na fala das pessoas aquilo que ela não conseguia ser, o que não conseguia obter, mas por quê? Por quê? O que ela mais queria era conseguir fazer parte desse mundo, conseguir ser igual ou semelhante e deixar de se sentir meio excluída, meio por fora de todos os acontecimentos e histórias ali trocadas. Parar de sofrer por algo que não acontece, ou sofrer de tanto depositar seus sentimentos em tudo que lê ou assiste.

B.

Ele chegou mais perto, e ela percebeu que os olhos que ela olhava não eram os mesmos olhos que ela enxergava a algum tempo atrás, que aquela pessoa que estava ali com ela não se parecia em nada com a de antes, apesar de estar vestindo o mesmo corpo de sempre.

B.

Já estava cansada de tudo que acontecia ali, em muitos momentos se sentia sozinha por dentro, mesmo fisicamente estando cheio de pessoas ao seu redor. Às vezes imaginava seu mundo de outras formas e se perdia nesses pensamentos, mas não é possível mudar seu mundo apenas sonhando, ela assim como todos sabiam que se for pra algo mudar tem que fazer por merecer, tem que correr atrás e tentar fazer algo para a situação mudar. Porém, onde ela mais sentia vazio era por dentro, onde não era fácil de mudar, e ela precisava de fé, e, apesar de sempre estar na igreja e participar de evangelizações se sentia como a pessoa mais sem fé do mundo. Não tinha fé e por esse motivo não aconteciam mudanças positivas em sua vida, pois não adianta comparecer à igreja e fazer orações apenas da boca pra fora, se não for de coração.

Sem mudanças, sem fé, sem nada. Dessa forma aguarda alguém para lhe dar a mão e ensinar um caminho de progressos e soluções, mas não sabe se um dia conseguirá encontrar alguém com o coração genuino a ponto de ajudá-la assim.

B.

“É o que dá pra fazer agora. O que resta é esperar, mesmo que esperar alguma coisa do amor seja o mal do século.”

 

Gabito Nunes