sexta-feira, 20 de abril de 2012

Andava com uma sensação tão grande de querer ter esse vazio preenchido que andava por aí sonhando com algo que não tinha nome, talvez a forma correta de escrever essa frase seria 'sonhando com alguém que não tinha nome', mas que seria a pessoa certa, pois preencheria esse vazio que nada o faz ficar preenchido por completo, que faria ela ter vontade de se prender em algum lugar, de motivo para estar ali, sem sentir vontade de estar em outro lugar. Um dia começou a ler um livro e percebeu que esse livro tinha muito mais a ver com ela do que ela mesma imaginava, ele estava traduzindo o que ela sentia em muitos aspectos, começou a perceber que se afundava em séries e livros tentando entrar nos personagens e sonhar, se iludir, que um dia aquelas situações poderiam ocorrer com ela. Até mesma a sensação de sonhar com alguém que nem ao menos é conhecido, sabe? Mas foi um trecho desse livro, que a traduziu melhor do que tudo:

"(...)Ele ficou um tempo sem falar nada, só olhando para as pessoas que estavam cantando na nossa frente, e então perguntou: "Está faltando alguém especial aqui, né? Que te faça ter vontade de ficar pra sempre..."
Eu olhei meio surpresa com a percepção dele. Quando eu disse que faltava alguma coisa, não estava me referindo a uma pessoa, mas eu realmente gostaria de alguém que me fizesse ter vontade de não ir a lugar algum sem a companhia dele...
"Como você sabe disso?", eu perguntei. Ele então se sentou no chão e fez sinal pra que eu me sentasse também.
"Ah, Pri...", ele falou, rabiscando o cimento com um espetinho de pau carbonizado, provavelmente de um churrasquinho que ele tinha comido, "quem não se sente assim? Quem não quer ter alguém que não nos deixe ter vontade de ir embora?".

E foi a partir daí, desse trecho que ela percebeu que tinha alguém que a entendia, que tinha mais pessoas por aí que poderiam estar sentindo o mesmo que ela, que mais pessoas estavam lendo esse livro e se identificando e, assim, foi tendo a esperança de que um dia, quem sabe, um final parecido com o daquele livro poderia ser o dela, não que precisasse ser o final dela, mas podia ser o meio, entende?, só mesmo ter a oportunidade de sentir algo parecido com o que a personagem do livro sentiu no final, mas aí ela percebeu mais uma vez que aquilo ela um livro FICTÍCIO e que mais uma vez ela estaria se afundando em livros e séries, se iludindo cada vez mais de que sua vida pudesse ser como aquelas, que sempre terá um final feliz e que sempre e sempre e sempre acontecerá o previsível em filmes, séries e livros, ela terá alguém que lhe faça feliz, que lhe faça se sentir flutuando e acontecerá coisas bonitinhas e românticas, mas que na verdade, no mundo real, nada daquilo acontecerá.
B.

Obs: O trecho do livro da publicação acima é da autora Paula Pimenta, Minha vida fora de série.



"Kevin: Passamos a juventude procurando alguém para amar. Alguém que nos complete. Escolhemos pares e trocamos de pares. Dançamos ao som de corações partidos e esperança. E, em todo tempo, pensamos se, em algum lugar, de alguma maneira, existe alguém perfeito que esteja à nossa procura."
The Wonder Years - Anos incríveis

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