E a tal da garota que achava que o amor não existia, se surpreendeu. Pela primeira vez, nada era como ela imaginava. Sabe aquelas histórias previsíveis? Pois é, não foi assim, ela mal sabia o que estava acontecendo, imagine lá como iria acabar. Mas depois desse dia (o dia da grande surpresa que havia lhe deixado boba) era como se todo o encanto tivesse acabado. Mas como assim? Durou só um dia? É. A vida prega peças na gente. Foi como se aquilo não tivesse ocorrido. Passaram-se semanas, quase meses, até que um dia ela decidiu deixar pra lá, esquecer o que tinha acontecido, tentar esquecer tudo, até os sonhos e ilusões que ela, durante essas semanas, tinha imaginado. Foi aí que ela viu, que não dependia apenas dela tomar uma decisão, dependia também da sua força de vontade.
A garota começou a sofrer, as pessoas diziam entre cochichos que aquilo era frescura, que ela era fraca, que tudo aquilo era bobeira, mas ela sabia que aquilo tudo não era besteira coisa nenhuma, que aquilo que ela sentia era real. E era sério. Passou a perceber que aquilo não a deixava em paz, que em 24 horas pensava demais naquela mesma pessoa, ao passar dos dias começou a querer saber mais e mais da vida dele, esperava ansiosamente ele entrar no messenger, observava os recados da página dele do site de relacionamento, passou a viver a vida dele, sem ao menos ele saber disso.
Só que ela não sabia o quanto aquilo lhe matava por dentro, o quanto aquilo lhe fazia mal, o quanto destruidor era aquilo pra vida dela. Foi vivendo essa angustia por muito tempo, exatamente 2 anos e 17 dias, até que ela se tocou de que aquilo não ia lhe levar a nada, só que já era um pouco tarde, não é?! Ela dedicou toda uma vida por um sofrimento sem razão, por algo que não lhe acrescentaria praticamente nada de bom, ela viveu sua vida em função de outra pessoa que talvez, nem sentisse nada por ela.
Passou pelo sofrimento da desistência, que não é fácil, não é algo que se resolve do dia para a noite, afinal foram dois anos de ilusão. Ilusões que ela, boba de amor, deixou tomar todo o seu ser.
Começou a ir em todos os shows e festas que via pela frente, todos os fins de semana ela dava um jeito de sair, passou a se divertir de forma irracional e errada, decidiu entregar sua vida ao mundo, pra ver se ele preenchia aquele vazio enorme que ela estava sentindo. Ela só não percebia, que daquela forma, seu sofrimento era elevado a 10, que todo dia após essas madrugadas de festas, ao deitar a cabeça em seu travesseiro para dormir, sentia aquele aperto no peito, a consciência pesava, não conseguia conter e chorava. Assim, foram muitos dias, muitos mesmo. Porém, com o tempo ela foi esquecendo daquela pessoa que tanto lhe fazia o coração disparar, ela já não encontrava mais com ele, perdeu o contato aos poucos, com a falta daquela presença foi colocando a vida no lugar.
Até que um dia, acabou encontrando com ele de novo, em um daqueles dias lindos, que ela tanto gostava, céu claro, poucas nuvens, árvores floridas exalando seu perfume. E aí pronto, acabou. Lá se foi o esquecimento, seu coração que tinha se transformado em pedra começou a derreter, suas pernas tremeram ao perder o chão e suas mãos procuravam algo para apoiar-se, foi nesse dia que ela percebeu que na verdade, não tinha o esquecido!
B.
Sabe aquele sentimento de impotência? Talvez nem seja de impotência, mas talvez fosse como se tivesse um muro na minhe frente, daqueles muros bem grandes, e eu quisesse muito tentar passar pro outro lado, pois é lá que está a solução para o problema de uma pessoa muito importante, que hoje está na cama de um hospital esperando a generosidade de alguém para salvar a sua vida. Eu penso que talvez seja eu o problema, é como se eu não tentasse o suficiente para ajudar, é como se eu não fizesse todo o possível e fosse em busca do impossível, entende? Porque se eu tentasse mais, se eu não me contentasse com um "não conheço ninguém" ou um "tô sem tempo pra ver isso pra você", eu talvez conseguisse ajudar, eu conseguisse ultrapassar esse muro, mesmo sendo trabalhoso escalar, mas talvez eu conseguisse. Mas por que eu não consigo persuadir as pessoas? Por que eu me contento com um "não"? Por que eu tenho que sempre ficar me lamentando ao invés de ligar pra Deus e o mundo, ou até mesmo sair de porta em porta perguntando se alguém com uma alma bondosa pode ajudar? Conversei com a preferida sobre isso, e ela disse ''Bianca, mas isso não é questão de ser bom ou não, isso é ser HUMANO, como é que uma pessoa pode se recusar a ajudar?" Pois é, ainda há pessoas no mundo que não têm coração, devem ter seus mil motivos.
